sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Um Trem para as Estrelas

Um Trem Para as Estrelas
Cazuza
Composição: Cazuza e Gilberto Gil

"São 7 horas da manhã
Vejo Cristo da janela
O sol já apagou sua luz
E o povo lá embaixo espera
Nas filas dos pontos de ônibus
Procurando aonde ir
São todos seus cicerones
Correm pra não desistir
Dos seus salários de fome
É a esperança que eles tem
Neste filme como extras
Todos querem se dar bem

Num trem pras estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas..."

Tenho medo...
Ao perceber que sou um extra de uma história bem maior. E percebendo que não vou conseguir um papel maior...
Sou protagonista da minha própria história. Mas a minha história não é mostrada na grande tela. Não transforma e não interessa.
Se não permanecer figurante, serei no máximo um Eugene de "Nos tempos da brilhantina". Um personagem que tem nome apenas para ser citado e fazer graça.

Depois do desemprego, das vendas, das pequenas produções, dos bicos, dos feriados, fins de semana e noites gastas por pouco ou nenhum sonho, continuo a espera. O sol apagando a luz e eu ainda procurando aonde ir. Ainda procurando outras correntezas.

Tenho medo...
Tenho medo de terminar esse filme como o 'Dream'. Sonhando em ser mais, mas terminando a história assim, marginal, sonhador e sem esperança. Sujeito ao delito para a realização do sonho e ferido por pouco no final da história. Imaginando estar indo para um lugar melhor.


"...Estranho o teu Cristo, Rio
Que olha tão longe, além
Com os braços sempre abertos
Mas sem protejer ninguém
Eu vou forrar as paredes
Do meu quarto de miséria
Com manchetes de jornal
Pra ver que não é nada sério
Eu vou dar o meu desprezo
Pra você que me ensinou
Que a tristeza é uma maneira
Da gente se salvar depois

Num trem pras estrelas
Depois dos navios negreiros
Outras correntezas"



Sei que a salvação não está na tristeza. Não preciso ser menos para ter a salvação.
Sei que tenho que buscar por correntezas.
Mas continuo achando que este filme acontece e eu ainda não sei qual papel desempenhar.

2 comentários:

*LIS disse...

Me indentifiquei muito.
Com o seu comentario no meu texto e com o seu texto, de certa forma.
Mas como toda mulher, sou como aqueles abajours que ficam mudando de cores, de modo que em um segundo desacredito, e outro me conformo, e outro sonho e logo depois clamo por paz e alguma certeza. Hoje tenho estado mais conformada. Dias atras, quando estava bem desacreditada, em meu mp3 uma musica aleatoria comecou a tocar e um trecho me chamou a atencao:
"O homem se humilha se castram seu sonho". A musica de Gonzaguinha ainda continua "seu sonho e' sua vida, e vida e' trabalho". Sendo dele a letra, tudo fica claro, e tudo e tao verdade. Se nos sentimos castrados, impossibilitados de trabalhar com aquilo que queremos, com o que somos bons, ficamos paralisados.
Mas e importante tentar olhar para frente e para os lados, nao somos unilaterais e, temos que ter esperanca (mesmo que desacreditada), senao nao aguentamos viver, nem mesmo como martir.

"Um Trem Pras Estrelas" e sua melodia me confortam, ja a letra me entristece.

Anna Cecilia disse...

"Ao perceber que sou um extra de uma história bem maior. E percebendo que não vou conseguir um papel maior..."
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Depois eu que sou a dramática hein.. RS
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Tem dias que a gente sente tristeza, tem dias que achamos que nada vai mudar, que é inútil esperar o que vem pela frente porque nada virá, mas isso é pura ilusão! Tudo tem começo, meio e fim inclusive a fase de desilusão... Ter medo é humano...
Vc vai conseguir um papel maior sim! Tenha fé em si mesmo e continue tendo fé em Deus cada dia mais e mais! Aproveite tb e peça forças para continuar lutando! Eu tenho certeza que a vitória virá mais cedo ou mais tarde (espero que mais cedo! Rs). Eu acredito em vc e tenho certeza que vc vai chegar lá. As vezes queremos tudo para ontem, mas o tempo do homem é diferente do tempo divino... Lute e confie!
E quando vc chegar lá vou te zoar por esse texto aí hein Rs
Beijos para vc Senhor Rabugento