domingo, 10 de abril de 2011

I´m still standing

Eu não vejo American Idol...
Na verdade, confesso que já tentei acompanhar, mas sem chegar ao final (já vi o programa final de alguma das edições, mas não todas as apresentações).
No começo, até quis ver para saber mais do formato. Gosto muito de música e o que me atraía era ver, dentro daquele tom de espetáculo, a descoberta do talento...
Com o tempo, cansei. E fui fazer coisa melhor, ouvir outras músicas...

Não gosto de julgamentos, nem de entrar no discurso anti-mercado para cultura e arte.
Primeiro, porque no fundo, hoje em dia, não se pode lutar contra o mercado, contra o que é comercial, contra o ganhar dinheiro... Você tem que jogar o jogo. Se quiser lutar contra, terá que encontrar uma forma dentro do jogo. Porque ficar de fora não será solução para o fim do jogo.
Segundo, porque quando se fica fora do jogo, não se consegue nada a não ser um velho tom de despeito.
Terceiro, porque ficar só no discurso é cansativo...

Mas o certo é que a Arte (ou o que pretende ser) está sim muito maçante.
Como tudo no mundo.
Tudo tem que ter um tom espetacular...
Tudo tem que inovar... Sendo, no fundo, repetido. Apenas repaginado.
E realmente não há mais criatividade... Só cópia e uma tentativa de garantir o lucro final.
Não é a toa que existe "a fórmula".

O American Idol é um simbolo disso tudo...


O que é um ídolo?
Eu tenho muita dificuldade em idolatrar alguém. Tenho profundo respeito e admiração por alguns artistas, mas ídolo... Não sei se tenho.
E não sou chato... Realmente me empolgo quando descubro algo novo que me toque.
Divulgo, faço campanha, ouço, vou ao show... Mas não chega a ser idolatria.

Fato é que gosto é relativo.
E nem sempre o artista perfeito é o que merece os holofotes, um destaque. Muitas vezes, o carisma e a criatividade falam mais alto que o talento. Não sendo, necessariamente, um desmérito.

Mas o que vemos no programa americano (que tem cópia piorada pelos demais países)?
Uma tentativa eterna de lançar esteótipos e enquadrar artistas neles.
Uma tentativa eterna de pegar boas vozes e desprezar suas individualidades.

Estava zapeando dia desses e caí justamente naquele dia em que a maior parte dos bons cantores já foram escolhidos e que os grandes selecionados serão contemplados.
Nesse momento de apresentação, não tem como... Sempre simpatizamos mais por alguém.
Nem sempre pela história de vida, pela trajetória musical ou qualquer recurso que o programa use para tocar o espectador... É apenas gosto musical.

Não sei se foi apenas a experiência pessoal...
Mas eu escolhi a artista que mais pareceu uma artista. A que menos me deixou entediado. Que não era apenas mais um modelo, embora a gente possa apontar várias que se pareçam com ela.
Mas achei nela uma mistura de várias... Formando algo diferente.
OBS: Ela também foi moldada, é claro. Mas dá pra ver que se impôs mais e foi além do molde.

Não consegui acompanhar o programa depois desse dia...
Mas fiquei feliz por ela ter sido selecionada, mesmo que na repescagem. E, de lá pra cá, me lembrei de procurá-la no Youtube, para ver as novas apresentações...

Hoje, descobri que ela foi eliminada.
Há algum tempo, eu acho...
Mas o que me deixou triste não foi ela não ter "vencido o American Idol"... Porque vencer é relativo. Se ela tiver oportunidades e pulso pra seguir, ela pode ser mais que símbolo de uma idolatria vazia da América. O que me deixou triste foi ver vida na apresentação dela e um tom de mesmice nos demais...

Não sei se a que segue foi a apresentação que a eliminou...
Mas foi a última dela que consegui encontrar.



Não acho que ela seja a "estrela".
Não acho que tenha se apresentado melhor ou tenha tido a maior afinação (tem uma apresentação dela que dá pra ver uma potência de voz e uma afinação muito maior - http://www.youtube.com/watch?v=UW01xZPs-lw).

Mas, ao menos pelo meu gosto, ela melhorou a música original de Elton John. Ela mostrou interpretação... Mostrou a forma como vê a música.
E, sinceramente, eu pagaria pra ir ao show dela, ao contrário da maioria que passou por ali nos últimos anos (incluindo alguns dos jurados).

O que eu quero com esses post?
Apenas dizer...
"Gosto não se discute... Se lamenta".
E que eu lamento que as pessoas continuem tendo gosto apenas pelo mesmo, pelo óbvio, pelo molde e por uma pretensa perfeição.
Sem desmerecer o que vem "da mídia"... Porque generalizar é burrice de qualquer lado. Mas sabendo que tem que existir um equilíbrio e uma busca pela sobrevivência... E que é preferível escolher onde há sinal de individualidade, vida e oxigênio.

Até a próxima sonoridade, de Naíma ou de quem mais ousar... Continuamos de pé!

Um comentário:

Anna Cecilia disse...

Gostei do texto! Eu já desisti de assistir esse formato de programa porque aqueles que torço sempre são os primeiros eliminados...

Também não consigo dizer que sou fã de ninguém... Eu gosto de algumas bandas, às vezes gosto de muito de algumas músicas. Às vezes simpatizo com certos artistas ou acho eles ridículos mas gosto da música deles...

Não tenho interesse em me aprofundar na carreira de ninguém e muito menos na vida de músicos...