quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Entre as musas

Eu era infância
De unha cravada no rosto
E bicho de pé
Sem a menor ideia do que era ser
Ou pertencer
E eis que surge a tal Betty
A dizer que era ali o tempo do encontro entre Eva e Adão
Ali seria a primeira paixão
A Radioatividade que me fez mais sadio
Inteiro, entregue, em nada arredio
De Guadalupe me partiu
A primeira me caiu como um relâmpago

E veio a outra, em menos de um mês
Talvez
Como saber, se a Bete chegou
De tom forte e grafia alternada
E de fria fez-se madrugada
Um ponto mais livre, meu fraco
De passo e compasso
Um movimento de palavras que me fez entender
Que a hora da Sessão Coruja adoça e faz viver
Era mais que tédio, sono, era imersão
A segunda foi a cor de predileção

Outras vieram por muitas vidas
Michelles agudas e enlouquecidas
Eram mentiras em corpo de atriz
E bailarinas procurando bem
Como rosas a me conduzir ao altar
Morenas que esperavam sem rima
Damas e estrelas em lugares comuns
E eu, coração que percorreu mundos
De loucas Marias em gemidos profundos

Meninas que não queriam ter que esperar
Com faca nos olhos, queriam dançar
Namoradas no cais, a aportar
Em aposta de par, davam chance ao azar
Toda previsão, um destino que ainda atormenta
De Sol com a cabeça na Lua
E na estrela que não se importa com o resto
Com a falta de luz nos olhos
Ou a que, sem sentido, só quer conversar
E como prova de amizade
Leva embora o sonho de amor na janela
O foco e a luz, nus, a folha do sexo
E tudo que não tenho
Deixando das lágrimas no copo o reflexo

Hoje tem um fusca estacionado na minha porta
E uma tal Joana que insiste que é minha dona
Ela não sabe da Juliana
A carta na manga
Ou da outra, com gosto de pitanga
E das outras feitas por outros
Solventes prum mundo mais que puro
Que curto, à toa

Ela não sabe a verdade
Ela não escuta
Não quer entender
Que na cama da musa
Eu virei puta.

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