segunda-feira, 18 de maio de 2009

...A vida é para ser mais

Estou quase na metade das férias.
E estou conseguindo cumprir parte do planejado.

O fim de semana foi de viagem e, apesar de ter sido muito bom rever pessoas queridas e conhecer novos ares, acredito que o mais singular da viagem ficou na mensagem de uma peça e na volta para a casa.

A viagem de ida foi tensa e longa. Suspeita de fogo no ônibus, muitas paradas e escuridão. Viajar de madrugada não impressiona e te dá a sensação de que você está parado e o mundo é o passageiro. Você não viu nada. O mundo rodou e te levou ao seu destino. E meu único refúgio nesta virada do mundo eram as músicas que carregava comigo.

Depois de um sábado movimentado e animado, a tarde de domingo trouxe um convite para conhecer Shirley Valentine (pronunciada em português). Divagando sobre a vida, a personagem interpretada por Betty Farias deixou a mesma mensagem que busquei com a chegada das férias: a vida é para ser mais.

Vale dizer que eu não esperava que este mês fosse mais porque férias é sinônimo de descanso e diversão... Mais nos planos, mais no dia-a-dia, mais no trabalho. Mais na vida: era isso que buscava desde o começo. Aliás, é isso que buscamos a vida toda...

Acordei cedo nesta segunda para a volta ao Rio.
Pensar no tempo que poderia durar a viagem, no que poderia estar perdendo, já agoniava meu ser rabugento. Mas que remédio? Como não tinha com quem reclamar, o jeito foi torcer para a viagem durar o tempo certo, sem problemas técnicos, e voltar às minhas músicas.

Como sabemos, o mais memorável da viagem é o planejamento da viagem, porque esta em si acaba passando muito rápido. Mas outra revelação importante é a de que devemos nos deleitar ainda mais com o que há de mais simples, como a paisagem do caminho. (Isso nós também já sabemos, porque muitos textos batidos nos lembram... A diferença essencial está em vivenciar).

Deveríamos, sempre que possível, viajar de carro. Viajar de dia. Esta foi a conclusão (também presente em textos batidos) que cheguei depois das muitas horas de paisagens exploradas com o olhar de principiante que permiti lançar sobre o caminho para o Rio. Montanhas, rios e vales num dia de sol entre nuvens brancas. Tudo muito bonito em poesia, mas distante de nossos olhos cansados e diminuídos. Olhos que não se permitem.

A música deu um sentido maior à viagem. Descer a Serra das Araras ao som de Dire Straits e outras canções de mesmo clima foi cinematográfico. Mas mais do que trilha sonora, aquela incrível presença maior, que costumamos diminuir e chamar de coincidência, me presenteou também com letras e melodias ora animadas, ora reveladoras.

E foi assim que, como fez Shirley Valentine, fui divagando sobre minha vida na estrada, sem deixar de percebê-la. Fui vendo que eu faço parte dessa paisagem. E fui vendo, assim como a personagem, o quanto a gente se diminui no nosso dia-a-dia. O quanto a gente pode ser o que quer, mas deixa de lado novas tentativas por insegurança, comodismo e pelas adversidades do mundo.

Minhas férias não estão na metade e pretendo que elas sejam mais. E que tragam novas possibilidades quando acabarem.

Deixo aqui a letra da música que foi o ápice da minha viagem (viagem nos dois sentidos). Empolgado com as mensagens que estava recebendo, desdenhei da música de Wilson Simoninha. Quase passei direto... Mas resolvi deixar, prestar atenção. E ela disse simplesmente tudo.

Viva. Seja você mesmo. E tenha você.
"...E o que mata é o excesso de peso de uma vida sem uso" (Shirley Valentine - Willy Russel)

Ter Você
Wilson Simoninha

Composição: Daniel Carlomagno

Felicidade é perto
Bem mais que o distante
Que você vê
Da janela do navio, rumo ao oceano
Mas você sempre quer
O que não é você
E sofre tanto com isso
O maior dos tormentos
Que é não ser você, não ter você
Não saber de você
Quando mais precisa


Você errou
Nem por isso vai ficar
A vida inteira chorando
Areia pro mar o vento levou
O sol chegou
Esse é mais um dia pra tentar
Não tenha medo de nada
Nem perca mais essa chance
De ser você, de ter você
De saber de você
Quando mais precisa


Quem vai saber de mim
Não sei, nem mesmo eu sei
Aonde vai dar, o que vai dar
Eu não sei

Aonde vai dar, o que vai dar

Um comentário:

Dany Braga disse...

LINDOOOOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!